segunda-feira, julho 17, 2006

Funcionários de Escritório Desesperados

A vida num escritório privado, ou dum serviço público, onde trabalhe muita gente é, não raramente, dos melhores laboratórios da milenar capacidade dos portugueses para o desenrascanço.
Ainda está por fazer o verdadeiro levantamento dos esquemas que são urdidos nestes ninhos de inovação informal, mas são muitos, diversos e meticulosos.
Pessoalmente, gosto de coisas leves, tipo sair para almoço após toda a rapaziada que sai ao meio-dia, e ter o cuidado de voltar antes da rapaziada que foi almoçar à uma, com jeitinho saca-se almoçarada para mais de hora e meia. Trocos...
Mas este calor continua a perturbar todos os teóricos destas artimanhas. O ar condicionado até pode não funcionar, os transportes públicos podem ser menos, mas há algo que verdadeiramente perturba a vida de todos os que fazem do escritório o campo de batalha onde ardilosamente montam as suas tragédias contemporâneas. O seu cubo de Kubik, que ano após ano continua a perturbá-los, é como dar a volta ao truque do casaco. Para quem é leigo consiste tal em deixar o casaco na costa da cadeira e sair informalmente, quanto muito dar a ideia que se vai para um café ou comprar cigarros. E... e não voltar. Dá jeito que o resto da malta saia logo ao primeiro toque ou mesmo que haja alguém que, ao melhor estilo infiltrado, arrume o dito casaco à hora do fecho de portas. Ou seja, há variantes, mas o básico é deixar ficar o casaco por ali.
O problema com o chegar destas temperaturas tropicais é que o casaco por ali pendurado, só por si, fica mais espampanante que uma tia de Cascais numa festa de góticos. Não há como fugir ao óbvio, o esquema com estas temperaturas é tão lastimável como A Bola com rabo de fora no meio do dossier de duas folhinhas que se leva para a casa de banho. Não há alternativa: se por um lado deixar camisa ou calça também anda desaconselhado em ambientes de trabalho onde não seja costumeiro haver gritos de ‘vai, me monta por trás’ ou ‘ui que bom, vai, vai!!’; deixar sapatos ou meias não é mais indicado, pois é meio caminho para memorando com férias oficiosas.
Mais uma vez este ano, com a chegada do Verão, o desafio anda por aí...

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