domingo, julho 23, 2006

The Song remains the Same

Os primeiros acordes do seu album homónimo parecem nos devolver aos Soundgarden de Badmotorfinger, mas depressa nos apercebemos que a elipse dos Wolfmother vai mais longe, e já estamos a abanar o pé quando nos deparamos quarto de século atrás no tempo. Eis-nos algures nos inícios da década de 70, e as raízes do soul e do blues voltam a servir de inspiração para que alguém as torne mais lentas, pesadas e bem mais barulhentas. Se com Jack White (The Raconteurs, The White Stripes) a aproximação demonstrou ter tanto de intelectualizante como brilhante, com os Wolfmother o universo alternativo de recriação das origens do heavy metal é mero espelho dos seus criadores originais. Preparem-se para o melhor (e, para outros, pior) dos Black Sabbath, Led Zeppelin ou Deep Purple.
Os Wolfmother são a experiência rock mais vergonhosamente deliciosa destes últimos meses, não pela sua inovação ou brilhantismo, pelo contrário, pela familiaridade do seu som, por nos confrontar com a dúvida se terão passado realmente 25 anos sobre o 1971 de Paranoid ou Fireball.


Woman(Wolfmother)

segunda-feira, julho 17, 2006

Funcionários de Escritório Desesperados

A vida num escritório privado, ou dum serviço público, onde trabalhe muita gente é, não raramente, dos melhores laboratórios da milenar capacidade dos portugueses para o desenrascanço.
Ainda está por fazer o verdadeiro levantamento dos esquemas que são urdidos nestes ninhos de inovação informal, mas são muitos, diversos e meticulosos.
Pessoalmente, gosto de coisas leves, tipo sair para almoço após toda a rapaziada que sai ao meio-dia, e ter o cuidado de voltar antes da rapaziada que foi almoçar à uma, com jeitinho saca-se almoçarada para mais de hora e meia. Trocos...
Mas este calor continua a perturbar todos os teóricos destas artimanhas. O ar condicionado até pode não funcionar, os transportes públicos podem ser menos, mas há algo que verdadeiramente perturba a vida de todos os que fazem do escritório o campo de batalha onde ardilosamente montam as suas tragédias contemporâneas. O seu cubo de Kubik, que ano após ano continua a perturbá-los, é como dar a volta ao truque do casaco. Para quem é leigo consiste tal em deixar o casaco na costa da cadeira e sair informalmente, quanto muito dar a ideia que se vai para um café ou comprar cigarros. E... e não voltar. Dá jeito que o resto da malta saia logo ao primeiro toque ou mesmo que haja alguém que, ao melhor estilo infiltrado, arrume o dito casaco à hora do fecho de portas. Ou seja, há variantes, mas o básico é deixar ficar o casaco por ali.
O problema com o chegar destas temperaturas tropicais é que o casaco por ali pendurado, só por si, fica mais espampanante que uma tia de Cascais numa festa de góticos. Não há como fugir ao óbvio, o esquema com estas temperaturas é tão lastimável como A Bola com rabo de fora no meio do dossier de duas folhinhas que se leva para a casa de banho. Não há alternativa: se por um lado deixar camisa ou calça também anda desaconselhado em ambientes de trabalho onde não seja costumeiro haver gritos de ‘vai, me monta por trás’ ou ‘ui que bom, vai, vai!!’; deixar sapatos ou meias não é mais indicado, pois é meio caminho para memorando com férias oficiosas.
Mais uma vez este ano, com a chegada do Verão, o desafio anda por aí...

domingo, julho 16, 2006

me Liga, vai!

Não é relevante se a Copa foi atractiva, entusiasmante, empolgante ou simplesmente combativa. O mais importante é que este ano fomos poupados às férias dos craques. E só isso, per si, já pedia um Campeonato do Mundo todos os anos. Lá ficaram na gaveta dos telejornais os jogos algarvios com os jogadores mais cotados da nossa Liga a mostrar mais barriga que serviço, e mais sorrisos que técnica; lá ficou por aparecer o Paulo China que, sem se saber como, se tornou mais conhecidos que o homem dos plásticos; resumindo, o folclore do Verão nacional voltou às mãos dos portuguses dos baixos salários e das altas dívidas.
Agora eles, heróis da super liga nacional, já por aí andam, a puxar pelo físico, a mostrar serviço. Já têm público, já têm resultados para mostrar, e já fazem capa dos três diários desportivos (esses mesmo com que envergonhamos os países que se dizem nos ser superiormente literados). Os outros também já por aí andam, e assim como os jogadores, os discursos presidenciais, e das demais figuras, também parecem ser os mesmos. A nossa soap opera preferida parece arriscar pouco na sua nova época.
Para que conste, logo desde início, a coisa por aqui anda um bocado desiquilibrada, com a lagartagem com maioria simples. Fica-lhes bem, lidam bem com as derrotas, não causam mau ambiente, no fundo são boa rapaziada. Depois uma das meninas torce pelos milhafres, o mesmo para um dos ausentes, 2 em 6 milhões não é mau... Claro que tudo isto é irrelevante, porque como torço pelo FCP, as constantes vitórias do emblema azul e branco hão-de ser sempre fruto de algo mais que transcende o futebol, e há-de haver quem invoque o meu poder por estas bandas. Enfim, o discurso pós-Salazarento do costume, saudoso de quando as ditaduras da Península protegiam os clubes das capitais.
Let the show begin...

quarta-feira, julho 12, 2006

Área fiscal

Tenho de estar solidário com os pobres jogadores na controvérsia à volta da isenção fiscal dos seus prémios Mundialistas. É que eu já nem me importava de receber este ano só o que lhes vão reter na fonte...

terça-feira, julho 11, 2006

Anda um pai a criar uma filha para isto...

A gente já sabia que com um pai daqueles a miúda Ana Malhoa ia sair coisa fina, agora o que se ainda não sabia era que caso lhe falhe a voz a moça tem sempre saída no cinema... para adultos. Aos mais dificeis de convecer aconselho visita à secção 'foto' da sua página para lhe reconhecer os atributos.

segunda-feira, julho 10, 2006

Hope@Tejo

Funk carioca é a explosão do fim de século

"A massa funkeira está interessada em se divertir. Por isso, seus temas versam basicamente sobre sexo/sexualidade, roupas, comunidades, futebol e os bailes em si - assuntos que dizem respeito à realidade dos jovens de baixa renda do estado do Rio de Janeiro. E a tradução musical das condições de vida das galeras que produzem e consomem essa cultura é: um batidão eletrônico potente, um som agudo de sintetizador barato (opcional) e uma voz desafinada (de homem ou mulher), berrando frases como "calça da gang/ toda mulher quer/ 200 reais/ pra deixar a bunda em pé" ou "tá dominado/tá tudo dominado", repetidas ad infinitum. "

Som de Preto (Amilcka e Chocolate)

domingo, julho 09, 2006

Scolariose múltipla

Os resultados são, certamente, o melhor barómetro da qualidade do modelo de gestão, e um quarto lugar num campeonato do mundo é um excelente resultado.
Talvez por isso; talvez pela empatia emocional que a todos contagiou; mas, penso, mais pela ausência de um jornalismo económico de grande qualidade e pela falta de outros actores com resultados vísiveis ao nível do management; Scolari tem sido figura corrente em comentários, artigos ou pseudo-ensaios de gestão na imprensa especializada.
Não sendo cuidado o benchmarking do comando duma equipa de jogadores de futebol com a da generalidade da actividade empresarial ou mesmo governativa, caiu-se no abismo de ser aquele um modelo que muito podia fazer pela recuperação da nossa economia.
Façam como entederem, mas eu de certeza que não gostava de trabalhar para uma empresa gerida por alguém que: gosta de deixar bem claro publicamente quem manda, mesmo que seja pouco digno para quem lhe segue na cadeia hierárquica; que mostra total ausência de respeito por regras de transparência, por ser ele que decide; e que não promove a meritocracia, mas sim os 'afilhados'.

quinta-feira, julho 06, 2006

Síndrome Platini

Acabou o sofrimento. Este sofrimento em doses de 90', 120' e remates-pró-Ricardo acabou ontem.
E, pelos vistos, tinha mesmo de acabar assim. Déja vu, diriam eles. E foi como já tinha sido: curtinho, até ao finzinho e sempre a deixar travo bem amargo a quem acreditou haver final diferente. A partir de agora, diz-se disto que é à francesa.
Parecem ali tão à mão, com os nossos Chalanas e Figos a parecer superar os seus Platinis e Zidanes, mas...
...é o árbitro, ingenuidade, o Zidane, o Abel Xavier, o poste, a barra, o fiscal, o outro fiscal, é o tempo, é o Platini, a bola que atrapalha, o campo muito curto, mais um árbitro, e o outro, e outro algo, e algo sobre o outro, e o outro que nao devia ter ido, e ido nisto... perdemos! E podíamos ter ganho, e devíamos ter ganho. Mas não dá. Mas se não dá, ganhem ao menos por 3 ou 4. Sejam os melhores do mundo. Façam do vosso meio campo uma máquina dibólica de jogar futebol. Construam uma defesa titânica. Dêm-nos uma tareia, mas isto não!
Agora, suprema chatice, lá temos o Zé Povinho a festejar no Marquês de Pombal do sub-consciente colectivo mais uma grande vitória moral...

terça-feira, julho 04, 2006

The Real Thing

Quando tantas equipas querem jogar à italiana, ou seja priorizando a tática à técnica, só podia dar nisto. Primeiro finalista: Itália, a equipa que nunca deixou de jogar como sempre soube.
Agora uma coisa é certa, esta malta da squadra azzurra joga que se farta. Pode até parecer que a essência está toda no esquema, na malha italiana, mas ali toda a gente tem bom toque de bola. Não implica este toque de bola os rodriguinhos dos comerciais de refrigerantes, mas sim deixar a bola disponível para que o segundo toque seja um passe rápido e seguro, ou um remate enquadrado. E depois, então, é aquilo que já lhes parece estar no sangue, no caldeirão de saber tático, da poção do posicionamento, onde parecem todos ter caído em pequeninos, desde Cannavarro a Materazzi, mas também de Totti a Gattuso.

segunda-feira, julho 03, 2006

Onda de Nacionalismo

Depois do Festival de Cerveja da Grã-Bretanha, em Londres, todos os presidentes das empresas de cerveja saíram para beber um copo.
O presidente da Corona senta-se e pede ao barman: "Senhor, quero a melhor cerveja do mundo, a Corona".
O sujeito da Budweiser diz: "Quero a melhor cerveja, a Rainha das Cervejas, a Budweiser".
O dono da Cors exclama: "Quero a única cerveja feita com a água das Montanhas Rochosas: a Cors!".
O da Super Bock diz: "Dá-me uma Coca-Cola".
Os outros olham para ele e perguntam: "Então? Não vais beber uma SuperBock?"
Ele responde: " Se ninguém está a beber cerveja, eu também não bebo"

domingo, julho 02, 2006

O Velho Continente

As duas últimas equipas sul-americanas já foram. Nunca iremos saber até onde poderiam ter ido se tivessem jogado... à sul-americana. Ficámos foi a saber que ao prescindir da magia em detrimento dum pragmatismo à europeia não foram longe.
A Argentina, a melhor equipa da primeira fase, perdeu por apanhar uma Alemanha em crescendo, uma máquina à antiga que quando ataca, ataca em força. Blitzkrieg! Claro que quem mantém Messi no banco e manda Riquelme lhe fazer companhia, só merece uma coisa: fazer-se ao caminho mais cedo que as pampas ainda ficam longe.
O nosso maior contigente de imigrantes que me perdõe, mas aquele Brasil não interessa a ninguém. Poupadinho, arrogante e sensaborão. Uma chatice. E até parecia tuda a caído do céu, depois dum Gana sem Essien, vinham os velhinhos com direito a desforra de 98. Talvez não esperasse Parreira e demasiada rapaziada que a elegância do futebol francês, que tão bem pareceu envelhecer, lhes pudesse pôr fim à caminhada imperialista. Mas pôs!
Nós, que já não temos a idade dos Robinhos, Cristianos ou Podolskis, sentimos-nos vingados. Agora, quando nas partidas de futebol de 5, quando nas jogatanas de praia, entrarmos para enfrentar os fedelhos voltamos a fazê-lo de peito feito. O orgulho dos 30 está de volta.
Merci, Monsieur Zidane. Obrigado, Senhor Figo.

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